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O PET Recomenda consiste em  publicações com indicações de filmes, séries, livros e peças de teatro com viés histórico que os petianos recomendam. O PET História da UFTM usa-o como um espaço para que as pessoas possam conhecer tais obras quando estiverem em busca de algo para assistir ou ler durante o tempo livre. As publicações são realizadas em nosso Instagram e aqui no site.

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Bacurau (2019)

Texto por João Igo Alves

 

SINOPSE
 
Campeão do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro nas categorias Melhor Diretor, e Melhor Roteiro Original, além de ter conquistado o prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2019, Bacurau, dirigido pelos brasileiros Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, gerou debates e diferentes interpretações durante e após seu lançamento.  
No longa, os moradores do fictício povoado de Bacurau, no sertão brasileiro, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa. Aos poucos, eles percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade. Quando carros são baleados e cadáveres começam a aparecer, os habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Agora, o grupo precisa identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.
 
COMENTÁRIOS
 
Diferentes interpretações foram feitas a respeito do conteúdo do longa, há quem diga que os diretores escolheram temas que ferviam no cenário político da época da produção como a xenofobia (Jair Bolsonaro e nordestinos, Donald Trump e latino-americanos) para exemplificar as falhas do Estado brasileiro, outros afirmam que se trata de uma distopia futurística com alguns problemas atuais do Brasil.
Independente do período em que se passa, não é difícil perceber quais questões os diretores tratam, o complexo de vira-lata do brasileiro é uma das exploradas, já que a população de Bacurau, a primeira vista, possui os estereótipos que infelizmente são atrelados aos nordestinos do país, mas que ao decorrer do longa vão se dissipando, com a apresentação da rica cultura do lugar, seja esta material ou imaterial. Bacurau possui um museu próprio, onde mesmo sem receber visitas os moradores possuem daquele espaço muito orgulho, ao contrário de brasileiros sulistas que chegam no povoado e não enxergam aquilo com proximidade, pois orgulhosos de sua ascendência europeia, veem não só os moradores, mas a história local de Bacurau com distância e desprezo.
Outras questões também estão presentes como a sexualidade, através do personagem Lunga, que embora não seja claro no filme qual sua orientação sexual, não deixa de ser respeitado e querido pelos moradores, na verdade, quando o povoado se dá conta do tamanho do perigo que correm, recorrem à Lunga para ajudá-los. A crítica ao estado também é evidente, durante o decorrer da trama o prefeito de Bacurau é apresentado como uma pessoa repulsiva, egoísta, um político corrupto que desvia recursos da cidade e/ou quando há algo para os cidadão é de péssima qualidade, o seu destino é deveras interessante.
É impossível terminar de assistir Bacurau e não ter uma reflexão sobre o país, independente de qual seja o tema, já que tantos são explorados aqui. De norte a sul do Brasil, os problemas são tão diferentes mas ao mesmo tempo tão iguais que o filme escancara-os e nos leva a crer que a solução é somente uma: o poder coletivo.
 
REFERÊNCIAS
 
BRAGA, Carol. Bacurau: entenda a mensagem por trás do filme. Site Culturadoria, 2022. Disponível em: https://culturadoria.com.br/mensagem-bacurau/. Acesso em 17 de Julho de 2023.
 
CARDOSO, Natália Acurcio. A incompreensão de Bacurau. Revista PHILIA | Filosofia, Literatura & Arte vol. 2, nº 1, junho de 2020. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/philia/article/download/100298/57252/426929. Acesso em 17 de Julho de 2023.
 
NUNES, Rodrigues. ‘Bacurau’ não é sobre o presente, mas o futuro. El País, outubro de 2019. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/05/cultura/1570306373_739263.html .  Acesso em 17 de Julho de 2023.

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Cidade de Deus (2002)

Texto por João Igo Alves

 

SINOPSE
 
Baseado no romance de mesmo nome lançado por Paulo Lins em 1997, o longa Cidade de Deus, dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles e lançado mundialmente no ano de 2002, é considerado um dos filmes mais importantes do cinema brasileiro, sendo o único até agora a receber quatro indicações ao Oscar, nas categorias de melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor fotografia.
 
No longa, Dadinho e Buscapé são grandes amigos, que cresceram juntos imersos em um universo de muita violência. Na Cidade de Deus, favela carioca conhecida por ser um dos locais mais violentos do Rio de Janeiro, os caminhos das duas crianças divergem, quando um se esforça para se tornar um fotógrafo e o outro o chefe do tráfico. Buscapé é um jovem pobre, negro e muito sensível, que vive amedrontado com a possibilidade de se tornar um bandido, e acaba sendo salvo de seu destino por causa de seu talento como fotógrafo, o qual permite que siga carreira na profissão. É através de seu olhar atrás da câmera que Buscapé analisa o dia-a-dia da favela onde vive, enquanto Dadinho, agora Zé Pequeno, se torna o temido chefe do tráfico da região, continuando com o legado de violência que remonta a décadas anteriores - e parece ser infinita.
 
COMENTÁRIOS
 
É admirável como um filme consegue tocar em tantas feridas ainda abertas na sociedade brasileira e nos fazer refletir. Cidade de Deus aborda questões importantes como o surgimento das grandes favelas no Rio de Janeiro, o início da formação das milícias, a pobreza e preconceito que a população mais necessitada e principalmente negra sofre desde a colonização do país até os dias atuais.  Não há como assistir a trama e não refletir sobre o quanto o estado brasileiro falhou e continua falhando em relação a todas estas questões.
Os personagens apresentados vivem em uma realidade praticamente desconhecida por grande parte da sociedade brasileira até então (o filme se passa entre os anos 60 e 70), em determinado momento da trama, jornalistas que jamais conseguiriam entrar numa favela como Cidade de Deus observam as fotos tiradas por Buscapé e as publicam em jornais de grande circulação, chocando a população pela violência que crianças e jovens dali vivem diariamente, armados e drogados. Nos dias atuais os mesmos problemas ainda persistem, mas por algum motivo, são ignorados, será se acabaram se tornando tão comuns ao ponto de fingirmos que nada acontece?
Mas o que faz estas crianças entrarem para o mundo do tráfico? O objetivo do diretor não é dar uma resposta clara, mas exemplificar que onde o estado não chega, ou não age, o que resta para estas pessoas é o instinto de sobrevivência. Certos personagens da trama tentam a princípio terem uma vida comum, mas certas situações acabam os levando a abandonarem seus valores e adentrar nesse universo marginalizado, desprezado e ignorado pelo governo.

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Gen, pés descalços (1983)

Texto por João Igo Alves

 

No último domingo, um filme sobre o processo de desenvolvimento da bomba atômica foi o grande vencedor do Oscar 2024. Que tal assistir a algo que mostre uma parte do outro lado desse confronto travado na Segunda Guerra? “Gen, Pés Descalços” aborda de forma bastante emotiva e visual a situação do Japão e da família pacifista de Gen, até a explosão nuclear que ceifou a vida de 70 mil pessoas.
INFORMAÇÕES
Gen Pés Descalços (Hadashi no Gen) é um filme de animação japonês lançado no ano de 1983, produzido pelo estúdio Madhouse e dirigido por Mori Masaki, baseado no mangá (quadrinho japonês) de mesmo nome do autor Keiji Nakazawa, um dos sobreviventes do ataque em Hiroshima em 6 de agosto de 1945.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os japoneses (que tinham sido derrotados) foram proibidos pelo governo dos Estados Unidos da América de escrever sobre os ataques atômicos que o país sofrera. No entanto, anos depois, com o tratado de paz, algumas obras foram liberadas, desde que não fossem mostradas ao povo estadunidense. Gen, Pés Descalços foi uma delas.
SINOPSE
O filme conta a história de Gen, um garoto de 7 anos de idade, e relata como ele, seu pai, mãe (que estava grávida) e irmãos, sobreviviam durante a Segunda Guerra Mundial na

 cidade japonesa de Hiroshima. Os personagens são constantemente aterrorizados pela fome, pois grande parte de seus ganhos tinha que ir para o Estado, e também devido à escassez gerada pelos ataques aéreos americanos. O pai de Gen é agricultor e artesão de chinelos. No seu discurso contra a guerra, ele criticava os loucos do governo que os colocaram nesta situação e, mesmo sendo massacrados pelos aliados, não se rendiam.
No dia 6 de agosto, um avião solitário sobrevoa Hiroshima e lança uma bomba de efeito muito maior do que as outras já vistas até então, a terrível bomba atômica. Gen sobrevive devido a uma coincidência e quando volta para casa vê que somente sua mãe está salva. Em uma Hiroshima totalmente destruída, Gen procura por comida e médicos mas só encontra corpos se deteriorando e pessoas moribundas com suas peles derretendo. Será que há esperança para Gen e seus amigos sobreviventes?
COMENTÁRIOS
Pouco conhecido no Brasil (e infelizmente disponível apenas com legendas), esta animação nos mostra o terror vivido por Gen, sua família e demais japoneses durante a Segunda Guerra Mundial, o que por muito tempo foi algo não conhecido por grande parte do público global. Essa parte do conflito geralmente é sempre lembrada pela visão dos estadunidenses, os “heróis que acabaram com a guerra”. Neste longa tem-se a visão dos civis japoneses, e é sempre importante conhecer a história por ângulos diferentes. Não se trata de quem ganhou ou perdeu, e sim sobre quão perverso pode ser esse tipo de conflito para aqueles que não são líderes políticos. Os pais de Gen não concordavam com as decisões do imperador japonês de não declarar rendição, mas foram engolidos pelo conflito mesmo sem uma ligação direta com as decisões tomadas.
Embora seja uma animação que se desencadeia a partir da visão de mundo de crianças, não se trata de uma história infantil e nem mesmo evita apresentar situações cruéis e aterrorizadoras envolvendo as mesmas. Keiji Nakazawa, autor e roteirista da obra, tinha 6 anos de idade quando Hiroshima foi bombardeada. Anos depois, sua mãe morreu de doenças provenientes da radiação atômica, o que foi sua motivação para a publicação do mangá que deu origem a este longa. Como seria a história se fosse contada pelo lado dos “perdedores”? É para se refletir.
REFERÊNCIAS
https://www.omelete.com.br/quadrinhos/criticas/gen-pes-descalcos-o-filme https://www.cineplayers.com/filmes/gen-pes-descalcos-uma-historia-de-hiroshima https://www.institutoclaro.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-aula/cinema-e-educa cao-gen-pes-descalcos/

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Sobre Isto (Vladimir Maiakovski)

Texto por Gustavo de Deus

 

A obra : o longo poema lírico Sobre Isto foi composto entre dezembro de 1922 e fevereiro de 1923, período no qual o autor - Vladimir Maiakovski - se isolou em seu apartamento em Moscou. A reclusão decorreu de uma grave discussão que tivera com seu grande amor - Lília Brik. Após passar por uma relação tumultuada pelas crises de ciúme dele diante do estilo de vida livre que ela defendia, o poeta reflete sobre algumas questões sobre o amor na sociedade soviética pós-revolucionária : como reinventá-lo ? Como não aniquilar o amor com o cotidiano banal e comezinho que impele ao individualismo burguês ? Com tais perguntas em mente, ele expõe toda a dor do dilema interior que seu gênio foi capaz de transpor da vida pessoal para a esfera universal.
Sinopse : No início da narrativa, o eu-lírico está em seu apartamento comparado a uma cela de prisão, ansioso, ele tortura-se ao lado do telefone : quer ouvir a voz da amada, mas não sabe se será atendido. Diante da recusa em atendê-lo, vem a crise de ciúmes - a qual transforma Maiakovski em um urso que navega no rio de suas lágrimas. Navegando,vê a si mesmo sobre uma ponte no rio Nevá, no qual suplica para que o libertem das linhas dos versos que o prendem à ponte. Por conseguinte, a segunda parte aborda o tema do Natal, durante o qual o eu-lírico vai de Moscou a São Petersburgo e percebe como nada mudou com a Revolução e que ele mesmo aburguesou-se como os outros. O herói viaja a vários países mas ninguém está disposto a ajudá-lo, de modo que ele volta a Moscou, refugiando-se na Torre de Ivan, o Grande, em cuja base se amontoam os burgueses perseguidores, desafiando-o para um duelo. Ele é executado e seus farrapos transformam-se em bandeira vermelha sobre o Kremlin. O epílogo é uma petição dirigida a um químico do século XXX. O eu-lírico pede-lhe que o ressuscite para que viva até o fim e possa amar com toda sua capacidade.
Comentários: Embora, no âmbito pessoal, Maiakóvski nutrisse um ciúme excessivo de Lília,o que ele defende aqui é o amor universal, desapegado do sentimento de propriedade pré-revolucionário e avesso aos ideais socialistas. O poeta e sua musa seriam amigos para o resto da vida, mas a relação amorosa mudou radicalmente nos últimos anos do casal. Em função do lastro autobiográfico da obra, Maiakóvski sofreu duras críticas, mas continuou defendendo o poema como um manifesto pelo amor universal e como sua obra-prima. Nele, veem-se concentradas e bem elaboradas suas principais concepções acerca da vida, do amor, da revolução, do cotidiano e da arte, trabalhadas segundo os preceitos poéticos que defendia. Tudo para reforçar a máxima que proferiu em sua “carta-diário” endereçada a Lília e nunca enviada: “o amor é o coração de tudo”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Paola Vitória de Lana Melo de. Entre o coletivo e o individual: a poética vanguardista de Vladímir Maiakóvski e a representação do amor e do cotidiano em Sobre Isto. Mafuá, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, n. 36, 2021. ISSNe: 1806-2555.

 MAIAKÓVSKI, Vladímir. Sobre Isto. Tradução de Letícia Mei.1. ed. São Paulo: Editora 34, 2018.
MEI, Letícia. Sobre Isto: síntese da poética de Maiakóvski. 2015. Dissertação (Mestrado em Letras) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas de São Paulo. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

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A Redoma de Vidro (Sylvia Plath)

Texto por Catarina de Paula

 

SOBRE:
Originalmente publicada em 1963, o livro foi lançado algumas semanas antes do trágico falecimento de Sylvia Plath e é ricamente impregnado de elementos autobiográficos, tendo sua narrativa inspirada nos eventos do verão de 1952, quando Sylvia Plath enfrentou uma tentativa de suicídio e foi internada em uma clínica psiquiátrica.
Além da elegância inerente à escrita de Plath, a obra se destaca pela coragem com que aborda a complexidade da depressão. "A Redoma de Vidro" transcende a mera descrição de desafios de saúde mental; é uma narrativa profundamente tocante sobre as angústias do processo de amadurecimento de uma mulher, constantemente confrontada com a redoma opressiva que a sociedade insiste em lhe impor.
SINOPSE:
A protagonista, Esther Greenwood, é uma jovem que deixa sua cidade natal nos arredores de Boston para iniciar uma promissora carreira em uma respeitada revista de moda em Nova York. Paralelamente à trajetória de Esther, a autora também compartilhou uma experiência de destaque acadêmico e enfrentou uma profunda depressão. Muitas das preocupações de Esther refletem as dilemáticas questões de uma geração que precedeu a revolução sexual, na qual as mulheres se debatiam com a árdua escolha entre priorizar suas carreiras ou suas famílias.
COMENTÁRIOS:
É com um tom extremamente pessoal que recomendo este livro, presenteado por minha prima quando eu celebrei meus 20 anos. A história de uma jovem prestes a desbravar um mundo além do pequeno horizonte que conhecia ressoa profundamente. Embora eu não tenha vivido as mesmas tristezas que Esther (e Sylvia), acredito que, em algum momento, nos sentiremos aprisionados por uma redoma. Foi através das palavras densas e belas de Sylvia que algo dentro de mim despertou, e creio que qualquer leitor também experimentará esse despertar. Pode ser um sinal de alerta, uma fonte de compaixão para aqueles que já passaram ou passam por experiências semelhantes. De qualquer forma, é um despertar que se torna essencial.

REDES

O PET História é um portal de divulgação científica que integram ensino, pesquisa e extensão da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, UFTM.  Equipe PET História UFTM 2021.

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